MARILENA CHAUÍ e ANOTONIO CANDIDO críticam Suelly Vilela

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Marilena Chauí e Antônio Candido criticam presença da PM na USP em ato
Intelectuais protestaram na Faculdade de Geografia e História.
Cerca de 400 pessoas lotaram auditório para assistí-los.
Daniel Haidar
Do G1, em São Paulo


Antônio Candido e Marilena Chauí falam a estudantes da USP (Foto: Daniel Haidar/G1)
Os professores da USP Antônio Cândido e Marilena Chauí condenaram nesta terça-feira (16) a presença da Polícia Militar no campus Butantã da universidade em um ato organizado pela Associação dos Docentes da USP (Adusp), uma semana depois do uso de balas de borracha e bombas de efeito moral por policiais militares para reprimir manifestantes.

Segundo os organizadores do debate, cerca de 400 alunos, professores e servidores lotaram o anfiteatro de Geografia do Prédio de História e Geografia, com capacidade para 250 lugares. Algumas pessoas tiveram de ficar de fora e acompanhar a palestra por alto-falantes.
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“Estou aqui por um protesto veemente contra a intervenção da força policial. É um atentado contra os direitos mais sagrados de debater e agir sem nenhuma pressão externa do poder público”, declarou o professor emérito da USP e crítico literário Antônio Candido, amplamente aplaudido por alunos e professores.

A filósofa e professora da USP Marilena Chauí destacou que só na administração da reitora Suely Vilela, a que chamou de “autoritária”, a PM foi chamada a agir duas vezes na USP.

“Por que essa resposta se tornou a forma natural de reagir?”, questionou Chauí, para em seguida emendar: “Porque não temos mais fóruns de discussão, de debate, de participação coletiva. A desaparição dessa maneira de funcionar da universidade faz com que a cada manifestação de reivindicação a única resposta que se conheça seja a resposta repressiva”, declarou em tom de crítica.

Apesar de se posicionar contra a gestão de Suely Vilela, ela chamou os universitários a pensar em outras formas de ação além da reivindicação de eleição direta para a reitoria defendida pelo Diretório Central de Estudantes e pelas associações de servidores e professores, porque, para ela, mesmo com um novo reitor vai haver um “poder excessivo” nas mãos dele. “Não é a escolha de um reitor que vai fazer a diferença. Temos que pensar na maneira que vamos desestruturar essa estrutura vertical, centralizada, que a USP se tornou”, defendeu.

A professora da faculdade educação Maria Victoria Benevides também participou do ato e fez coro com Chauí quanto à necessidade de se descentralizar o poder decisório na USP. “Não se trata apenas da ‘Diretas Já!’. Fizemos uma campanha pra ‘Diretas Já!’ na Presidência da República e ainda não conseguimos, anos depois, desconcentrar o poder e ter instâncias efetivas de controle popular”, declarou a professora.

Cândido pediu ainda aos estudantes para se lembrarem que a mobilização organizada na universidade deve ser feita em prol de uma mudança histórica, sem “imediatismo”. “É preciso que esse movimento tenha consciência que o imediato é apenas um episódio”, declarou o crítico literário.


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