Universidade sem cores

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Final de semestre. Aulas acabando, provas a serem feitas, trabalhos entregues e seminários apresentados, os últimos do ano. Mais um final de semestre típico na rotina de um aluno de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo da UNESP de Bauru.

No caminho do banheiro mais próximo dos laboratórios de biologia, dois funcionários do campus pintaram de branco o espaço que estava ocupado por stencils (), realizados por alunos de curso de educação artística. Os trabalhadores, sob ordem de algum gestor do campus, estavam apagando a “pichação” realizada pelos estudantes.

Uma cena triste - que talvez passe despercebida por boa parte dos alunos, funcionários e professores -, faz com que venha à tona a ausência de identidade dos que constituem a universidade dentro deste próprio espaço físico. Os valores da suposta moral e boa conduta se faz como um cerco à expressão, à presença da cara e da coragem dos que tornam essa instituição pública realmente dinâmica.

Uma das grandes dificuldades dentro das questões refletidas pelo movimento estudantil é a transitoriedade dos próprios alunos, em comparação com a permanência por décadas de alguns gestores. Ao apagar a arte de alguns alunos, nesta sexta-feira (02/12/2010) às 14h40min, representa mais do que a tendência de descaracterizar o ambiente de nosso convívio, mas sim o cerceamento artístico, de reflexão quanto a qualquer atitude e/ou pensamento que prevê a construção daquela que deveria ser uma universidade pública democrática e de qualidade.

Ao leitor desavisado, independente da linha política ou apolítica que tenha, este pode parecer um texto infundado diante uma atitude que nem vai mudar tanto a vida ou os estudos de alguém. Antes de qualquer conclusão precipitada, penso através deste caso, por exemplo, no motivo pelo qual algumas atitudes são realizadas e, principalmente, contra quem.

A proibição de cartazes, o branqueamento da universidade, a arquitetura pitoresca refletida em salas de aula limitadas (que mais parecem a caixas de sapatos), a ausência de espaço para convívio estudantil (elaboração de projetos, palestras e eventos culturais), a ausência de um espaço próprio de cada órgão estudantil, a falta de estímulo mesmo financeiro a tais órgãos e aos projetos promovidos por eles.

Hoje a universidade fica com um pouco menos de cores.

Sabemos os reais motivos.

Gabriel Salgado "Musta"

3 Ano de Jornalismo diurno

Coordenadoria de Comunicação da chapa "Do leme ao pontal"



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2 comentários:

  1. Não entendo porque gastam tanta tinta branca (e dinheiro) para acabar com aquilo que torna a nossa universidade mais alegre, com mais identidade, mais cheia de arte. Esse é mais um ítem para a minha "lista de coisas que acontecem na Unesp e que eu não compreendo". Triste mesmo.

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  2. Não seja por isso. Vamos lá à noite e pintamos tudo de novo. :D

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