Processo e acusação
O professor João Eduardo Hidalgo solicitou abertura de processo interno contra os alunos Gabriel Maia Salgado e Luana Rodriguez.
Segundo documento encaminhado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), "[o professor] vem sendo vítima de expressões difamatórias e injuriosas quanto à sua personalidade, bem como quanto à sua atuação profissional, pelos requeridos Gabriel e Luana”.
No processo ainda, há a acusação do Professor e Chefe Departamental Jean Cristtus Portela, manipular os alunos como forma de persegui-lo.

O que veio antes?
O Centro Acadêmico de Comunicação Florestan Fernandes (CACOFF), do qual Gabriel faz parte, encaminhou solicitação dos alunos para que fosse realizado abaixo-assinado mostrando as perspectivas do corpo discente, frente às debilidades do curso.

A iniciativa surgiu após assembleia realizada com cerca de 80 alunos de Jornalismo da UNESP/Bauru (diurno e noturno). Para a divulgação da assembleia, o CACOFF parodiou problemas apontados pelos alunos em abaixo-assinados e reivindicações acreditando que este é um recurso consolidado e sério de manifestação e contestação social em regimes democráticos.

Jornal Extra
Após realização da assembleia, a aluna Luana Rodriguez e seu grupo fizeram o jornal laboratório Extra (da disciplina Jornalismo Impresso e coordenado pelo Prof. Dr. Ângelo Sottovia Aranha) sobre movimento estudantil.
Na matéria de Luana foram abordadas as reivindicaçõs estudantis do primeiro semestre de 2011. O nome do Professor Eduardo Hidalgo não foi citado pela aluna na matéria e não foi citado em entrevista e futura declaração por um de seus entrevistados, o aluno Gabriel Maia Salgado.

Abaixo-assinado
Em abaixo-assinado realizado após a assembleia e assinado por 211 alunos de Jornalismo, o Professor João Eduardo Hidalgo é citado com a seguinte frase “Questionamento sobre o método de avaliação do professor João Eduardo Hidalgo”.

Antes de mais nada, este trecho do abaixo-assinado questionou um método, teve o propósito de abrir o debate e fez uma pergunta que poderia ser encarada com naturalidade e respondida pelo Professor Eduardo Hidalgo que está no final de período probatório de contratação.

O que está por trás do processo?
O professor Hidalgo passou em concurso feito pelo Departamento de Ciências Humanas (DCHU) e, este semestre, é o prazo final de seu período probatório. Após o primeiro semestre de 2012, se aprovado, o professor fará parte efetivamente do corpo docente da Unesp/Bauru com Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa.
O processo contra os dois alunos é um ato claro de intimidação e preservação de status do professor que, desde que ingressou na universidade, é objeto de abaixo-assinados e contestação dos alunos em relação ao método de aula, avaliação e até mesmo assiduidade e frequência, registrados em reuniões do DCHU.

Ameaça
No dia 27 de Junho de 2011, quatro alunos estavam na sala do CACOFF quando receberam a visita do docente Eduardo Hidalgo (Departamento de Ciências Humanas - DCHU), acompanhado do docente Ricardo Nicola (Departamento de Comunicação Social - DCSO). Durante cerca de uma hora os quatro alunos, também integrantes da Chapa do CACOFF, foram intimidados quanto suas atitudes e tratados com falas irônicas e sarcásticas que culminaram na ameaça feita pelo professor Eduardo Hidalgo de entrar com um processo contra o Centro Acadêmico e seus representantes.
Com reação inesperada frente à contestação dos alunos e busca pelo diálogo em relação aos métodos de ensino, o CACOFF mandou carta para os Departamentos explicando o fato e indagando se estariam de acordo com atitudes como esta. Em resposta, o DCSO alegou não ter aparatos legais para se manifestar. Já o DCHU, divulgou ata de reunião departamental em que discutiu a questão, ponderou alguns aspectos principalmente no que se refere à postura do chefe departamental, mas, por fim, afirmou que  o processo deveria ser encaminhado à direção da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação.

O que você tem a ver com isso?
O processo é mais uma forma de intimação não contra os alunos Gabriel e Luana, em específico, mas contra o posicionamento reflexivo e crítico dos alunos em relação à sua formação e à universidade.
É uma tentativa de medida exemplar para que não haja posicionamentos e atitudes semelhantes de contestação e que possa acabar o período probatório do Professor João Eduardo Hidalgo sem que exista a possibilidade de questionamento sobre efetivar ou não sua contratação.
Já que foi aberto, o processo deve servir como motivação para que os alunos se posicionem cada vez mais em relação aos acontecimentos e à realidade da universidade. Que a própria FAAC, o Departamento e os alunos analisem se o Professor João Eduardo Hidalgo realmente deve fazer parte da instituição.
O Professor João Eduardo Hidalgo se posicionou de forma autoritária e a comunidade acadêmica deve, antes de mais nada, apurar as reivindicações referentes a seu trabalho e reavaliar a viabilidade de sua contratação.

Campanha reavaliem a contratação do Hidalgo
O CACOFF entende que a comunidade acadêmica deve buscar um ensino gratuito, de qualidade e para o maior número de pessoas possível. Nesta perspectiva, a contratação coerente de servidores, sejam eles docentes ou não, é de extrema importância para garantir processo criterioso de entrada na universidade pública.
A partir de gesto intolerante do professor e com base nas reclamações recorrentes através de abaixo-assinados, por exemplo, pedimos a não contratação do professor João Eduardo Hidalgo.
Entendemos que um professor da Unesp deve prezar pela responsabilidade com o serviço prestado, além do respeito, diálogo e, principalmente, postura ativa de quem se importa e quer que a instituição esteja cada vez melhor.
Esse é o momento de sermos criteriosos e de dizermos NÂO À CONTRATAÇÃO DO HIDALGO!
O CACOFF, Centro Acadêmico de Comunicação Florestan Fernandes, da UNESP de Bauru explicita nesta moção seu apoio aos estudantes em greve da USP. Entendemos a ação como legítima, uma vez que os mesmos decidiram em assembléia entrar em greve geral como reação às atitudes da Reitoria, que culminou na vergonhosa ação policial de reintegração do prédio. Também entendemos que os métodos utilizados na operação da PM, que prendeu mais de 70 estudantes, são inadequados, antidemocráticos e opressores. Solidarizamos-nos com o ocorrido e saldamos os alunos da ECA, da FAU, da FEA e da São Francisco que, dando continuidade à decisão da assembléia, votaram pela greve em suas unidades. Julgamos a forma arbitrária e autoritária com que a gestão do reitor Grandino Rodas tem administrado a USP como a principal responsável pela situação atual. As ações tomadas por Rodas condenam os alunos, funcionários e professores ao cerceamento do seu livre direito de expressão. Direito este, fundamental para a existência plena da democracia. Por este motivo, apoiamos integralmente as lutas pelo pleno exercício das atividades democráticas. Toda a comunidade uspiana, assim como toda a sociedade, tem direito a mais segurança. Entretanto, essa segurança não será obtida por meio da força e de métodos repressivos utilizados massivamente pela PM. Historicamente, os alunos apresentam sugestões simples como aumento do efetivo da guarda universitária, melhor iluminação e aumento dos circulares, mas não são ouvidos. Ao contrário, foram forçados a aceitar o tratamento violento e preconceituoso praticado pela PM. Assim como nossos colegas uspianos, o Movimento Estudantil da Unesp de Bauru, apresentou uma série de medidas ao Grupo Administrativo do Campus de Bauru que também não foram ouvidas. Porém, cremos que por meio da união, da mobilização e do esforço político, conseguiremos que nossa voz seja ouvida e finalmente daremos uma aula de democracia para nossos governantes!