O segundo dia de atividades do 52º Conune ( Congresso Nacional da UNE ) contou com uma série de grupos de discussões e mesas de debates sobre questões diretamente ligadas ao cotidiano dos estudantes, além de abordar temas mais globais e estratégicas para a sociedade.

Entre os assuntos debatidos pelos delegados e observadores do Conune, os que contaram com a maior adesão dos alunos foram as recentes políticas de incentivo aos ensino superior, a expansão das vagas federais e a permanência estudantil.

Apesar do bordão “ensino de qualidade, público e gratuito” ou outras frases similares, serem sempre recorrentes – nos cadernos e discursos - tanto dos grupos que compões a direção da UNE como os da “Oposição Esquerda”. Há uma nítida divergência na avaliação que as correntes fazem do atual governo e das suas políticas educacionais bem como quais devem ser as políticas e os próximos desafios da educação nacional.

Na sexta-feira também houve a 1ª “Marcha da Maconha” em Goiania. Este talvez tenha o sido a única atividade do Conune onde, tanto o objetivo como a forma de alcançá-lo, conseguiu unir todos os grupos. Durante o ato, os alunos pautaram a necessidade de que seja revisto a forma como se debate o consumo das drogas no país e que, na avaliação deles, é evidente que a política de repressão não tem surtido o efeito esperado.

A democratização dos meios de comunicação, a solidariedade internacional, o uso de agrotóxicos, reforma urbana e o sistema de saúde foram os temas de cárater mais amplo que pautaram os outros espaços de discussão.

O novo código florestal, recentemente aprovado no congresso nacional, foi um dos temas mais polêmicos do dia. O texto que tem o deputado Aldo Rebelo (PC do B) como relator, ex-presidente da UNE, foi objeto de críticas e insatisfação dos coletivos de oposição. Já os alunos ligados a direção de entidade observam o Código como um avanço para o pais.

O clima de discussão nos espaços – inflado pelas sempre presentes musicas e hinos de provocação de ambos os lados – alcançou tal ponto que o debate foi inviabilizado e o espaço de discussão encerrado.

Um dos espaços com mais alunos presentes foi a mesa sobre as políticas de incentivo e permanência estudantil nas universidades. Ouça as falas, com críticas e elogios, sobre as políticas públicas, e ProUni e REUNI, os dois programas do governo federal que mais acirram os ânimos dos participantes do 52º Conune. Os dois entrevistados são Lucas Nunes, coordenador geral de Relações Estudantis da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e Leandro Teodoro, estudante da Faculdade de Direito de Franca.

http://dl.dropbox.com/u/36506685/politica_estudantil_ladobom.mp3

Pastor


O primeiro dia de atividades do 52º Conune (Congresso Nacional da UNE) foi marcado pela já esperada polarização entre a UJS (União da Juventude Socialista) e grupos que compõe a maior parte dos cargos da diretoria da UNE e a Oposição de Esquerda, formada por diversos coletivos estudantis que se colocam à esquerda do restante da UNE.

Atualmente a UNE é dirigida pelo movimento “Transformar o sonho em realidade”, da qual fazem parte grupos ligados ou próximos a partidos da base do atual governo federal. Para os representantes deste grupo, essa proximidade do governo não significa “atrelamento” ou “cooptação” e sim demonstra que o movimento estudantil consegue, diferente do que acontecia em outros períodos, colocar as suas pautas e avançar de forma mais efetiva frente ao governo.

A outra representação dentro da entidade é “Oposição de Esquerda”, para os alunos desta corrente, durante o governo Lula , a UNE esteve muito próxima ao governo federal e por isso não teve autonomia para criticar políticas que iam contra as necessidades dos estudantes. “Ou a UNE se posiciona de forma tímida contra o governo ou funciona como ‘correia de transmissão”, declarou umas das representates da oposição.

Lula e polêmica dos alojamentos

Pela manhã, o congresso contou com a presença de diversos políticos, entre eles, o ex-presidente Lula e o atual ministro da educação Fernando Haddad. Recebido em clima de festa pelos presentes, Lula discorsou sobre os avanços do Prouni e da expansão das vagas nas universidades federais. Ele também parabenizou a UNE pela postura combativa e por, durante o seu governo, ter sido um grupo que ajudou no desenvolvimento e no crescimento da educação no país.

Quase todo o auditório era composto por alunos ligados a UJS , Juventude do PT ou outras correntes que formam a direção da UNE, dessa forma, o clima foi bastante receptivo ao ex-presidente. Os grupos da Oposição de Esquerda denunciaram que a direção da entidade não disponibizou ônibus e colocou os seus alojamento em regiões afastadas, para que eles não estivesse presente durante a fala do Lula para não dar espaço a manifestações de crítica.

A principal polêmica do dia foi direcionada a logística do evento. A Oposição criticou a direção da UNE que não destinou o número de alojamentos suficientes com o intuito de dificultar a organização dos grupos esquerda.

Já a direção da UNE se justificou dizendo que, devido ao tamanho do evento, é quase impossível que não ocorram problemas de logística e que alguns grupos da UJS também tiveram dificuldades para se alocar.

O clíma de insatisfação alcançou o seu ápice durante a noite enquanto aconteciam os Grupos de Discussões. Os alunos presentes no congresso estavam divididos em algumas salas onde discutiam questões como movimento estudantil, os efeitos da realização da Copa do Mundo, do feminismo, direitos humanos e solidariedade internacional.

Próximo do fim das discussões, alunos ligados a oposição de esquerda organizaram uma manifestação, tocando tambores e com gritos de guerra como – UJS que papelão, a oposição vai dormir no chão – para manifestar a insatisfação em relação a falta de alojamentos.

O ato acabou influenciado o clima dos debates, que em alguns espaços já era tenso, a partir disso os alunos da oposição e do “transformar em...” passaram a cantar musicas de provocação ou ironizando o ‘outro lado’ e o primeiro dia do congresso terminou parecido como uma disputada de torcidas de futebol.