Aos estudantes de Comunicação Social da Unesp de Bauru,

O Centro Acadêmico de Comunicação "Florestan Fernandes", o CACOFF, informa as últimas notícias em relação à demora pela contratação de professores pelo Departamento de Comunicação Social (DCSO), da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC).
A professora Letícia Passos Affini, chefe do DCSO, conversou com integrantes do CACOFF e em debate aberto, que aconteceu na penúltima quarta-feira(17/04), algumas informações foram esclarecidas.
Ficou claro que o professor Luis Augusto Teixeira Ribeiro, antigo chefe do DCSO, fez o ofício de contratação dos professores dentro do prazo no ano passado. Porém, ele fez o requerimento de apenas quatro professores. A professora Letícia informou que o professor Teixeira, como chefe de departamento, considerou que o número de professores que seriam contratados somados aos que já estão trabalhando era suficiente. Contudo, estes professores trabalhariam mais que 8h por semana. O tempo mínimo é 8h por semana e o tempo máximo é 16h.
De acordo com a Letícia, após assumir, revisou a tabela de contratação e percebeu que quatro professores era um número insuficiente para suprir a necessidade do Departamento, pelo tempo que cada um trabalharia. No dia 05 de janeiro ela foi para São Paulo, levou a nova tabela à Comissão de Contratação Discente (CCD) dizendo que o Departamento precisava de nove professores.
Na semana do carnaval, uma semana antes do início das aulas, o professor Herculano Dias Bastos (responsável pela CCD), retornou por telefone dizendo que tinha liberado a contratação de três professores substitutos e seis professores bolsistas. Ele só enviou o ofício (necessário pra qualquer contratação) na semana do início das aulas, quando, então, foi publicado no diário oficial. Alguns concursos aconteceram, contudo, em algumas disciplinas, ninguém foi aprovado. No dia 18 e 19 de março aconteceu mais um concurso. As aulas-teste, que os professores dão antes da contratação, são públicas, todos podem participar. Quando todos forem contratados será discutido com cada professor como essas aulas poderão ser repostas já que é obrigatório um mínimo de 15 aulas dadas por semestre.
Ela ainda apresentou o salário dos bolsistas (R$ 700 por 8h) e dos substitutos (R$ 850 por 12h) e a partir daí é possível entender um pouco o problema de contratação. Os salários são muito baixos, o que faz com que professores com o nível muito elevado possam desconsiderar a possibilidade de trabalhar aqui. Ela informou que, na busca de uma alternativa, está pedindo para alguns professores mais eficientes orientarem os bolsistas, que no geral não têm muita experiência em dar aulas.
Outra coisa que a Prof. Letícia destacou é que tem algumas coisas que os alunos poderiam fazer pra melhorar a situação da FAAC para a contratação de seus professores. Ela explicou que a decisão de quantas e que tipo de contratações são liberadas depende de vários fatores, por exemplo, da publicação de professores e da produção dos alunos. Não adianta um aluno receber bolsa por um projeto e este projeto não ser publicado, não dar nenhum retorno à sociedade, por exemplo, é fácil essa bolsa cair pois não está acrescentando nada à sociedade e consequentemente à função da universidade pública. Esse retorno soma pontos para a FAAC, melhorando a situação da faculdade na hora de liberar as contratações. No caso do curriculum lattes, por exemplo, cada aluno que fizer o seu, faz aumentar os pontos da FAAC. Isso não seria uma solução para problemas imediatos, mas é interessante que os alunos saibam disso.
Diante dos diversos problemas específicos de cada sala, discutidos no debate de quarta-feira passada, convocamos um representante de cada sala para participar da reunião na próxima quarta-feira, dia 24 de março, na sala do CACOFF, às 18h. Discutiremos em conjunto o que fazer diante desse problema. Precisamos da presença de um representante de cada sala para que tomemos uma atitude na qual todos estejam de acordo.
Rolou, ontem(24/04), uma reunião do Cacoff com alguns representantes de salas dos cursos de jornalismo e relações públicas. Até amanhã, divulgaremos um informe sobre o que foi decidido na conversa.
por Washington Araújo, do Observatório de Imprensa

Então fica combinado: a sociedade não pode controlar a mídia, mas a mídia pode ser controlada por apenas seis famílias


A palavra chave dos mágicos é Abracadabra, a senha usada pelo Ali-Babá é Abre-te Sésamo e para que as pessoas fiquem imóveis, como se estivessem congeladas, é Mandrake. Os velhos exorcistas consagraram a expressão infalível: Vade retro, Satanás! Mas, para que os bem fornidos meios de comunicação do país entrem em polvorosa, tenham urticárias e passem a delirar em transe quase mágico basta apenas que escutem três palavrinhas: Controle social da mídia! E já será mais que suficiente para que o salseiro se instale de forma imediata e generalizada.

Então fica combinado: a sociedade não pode controlar a mídia, mas a mídia pode ser controlada por apenas seis famílias. E os direitos das famílias nem precisam ser defendidos por estas, basta apenas escalar dois ou três jornalistas do jornal ou da revista para demonizar a expressão e, em conseqüência, o prenúncio do debate. Nas emissoras de televisão, é suficiente que jornalistas do alto de suas bancadas – para que não caia no esquecimento a cínica expressão do Boris Casoy – assestem suas baterias contra quem se atreva a questionar o direito semidivino de apenas seis famílias controlarem integralmente os mais assistidos, lidos, ouvidos e acessados veículos de comunicação no Brasil.

O que poderia ser um saudável debate sobre a qualidade do jornalismo que desfrutamos vem se transformado em cinismo explícito, em tortuosas argumentações para mascarar o controle social da mídia pela censura mais hedionda, superior à praticada em regimes totalitaristas de direita e de esquerda. Podem não ter ideais, mas conhecem muito bem o poder aglutinador que os ativos financeiros têm sobre a tropa que, de elite, é sempre bem sucedida no intento de confundir liberdade de expressão com liberdade de pressão, pura e simples.

Letra da lei

Não precisamos ir muito longe. Como as duas principais revistas semanais de informação do país retrataram o fórum "Democracia e liberdade de expressão", promovido em 1/3/2010 pelo Instituto Millenium, em São Paulo?

A revista Veja (edição 2155, de 10/3/2010) escolheu um ultimato para titular a matéria: "Liberdade não se negocia". E o incauto leitor da semanal poderia comprar gato por lebre se ficasse apenas na manchete: afinal, cara pálida, quem está mesmo querendo negociar a liberdade? O texto diz a que veio logo em sua abertura:

"Desde que o PT chegou ao poder, os radicais do partido arquitetam um plano atrás do outro para tentar controlar jornalistas e inviabilizar comercialmente as empresas de comunicação."

Para um convescote cuidadosamente planejado para discutir democracia e liberdade de expressão, esta primeira frase denota seu cunho partidário acima de qualquer suspeita e revela um reducionismo atroz. É como se toda a experiência do PT no governo se ativesse a planos para "controlar jornalistas e inviabilizar comercialmente as empresas de comunicação", o que é, decerto, rematada falácia. Qual jornalista no Brasil foi controlado de 2003 aos dias atuais? Por acaso alguma torneira – do BNDES ou do Banco do Brasil – foi fechada sempre que algum megaempresário do ramo da comunicação buscou renegociar (rolar) suas dívidas ou veio em busca de capital novo? Não seria fechando torneiras de instituições financeiras federais que se conseguiria a média prazo inviabilizar essas empresas? Isso aconteceu? Não se deu exatamente o contrário? Afinal não foram mais que 3.000 jornais e rádios de cidades médias e pequenas que passaram a ser convidadas àquele banquete oficial onde o governo distribui sua dotação orçamentária destinada à comunicação?

O texto de Veja é de quem deseja única e exclusivamente interditar o debate sobre liberdade de expressão para, mantendo as coisas como estão, a população possa se servir tão somente do prato feito, aquele prato que não respeita a diversidade de pensamento, que não admite outras visões da vida nem do mundo e muito menos da sociedade que lutamos por construir. Logo a seguir vemos irromper o pensamento sempre beligerante e autoritário dos que demonstram pouco ou nenhum apreço pela liberdade de expressão. Eis o que escreveu Veja:

"Depois, eles passaram a defender com ainda maior despudor o `controle social dos meios de comunicação´ – que é apenas um rótulo menos chocante para a implantação da censura oficial no Brasil."

Não seria útil que alguém que pretenda escrever texto sobre liberdade de expressão no Brasil considerasse fazer uma rápida leitura do disposto nos artigos 220 a 224 da nossa Constituição Federal? Não está escrito que é da competência do Poder Executivo "outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens"? Então, deveríamos imaginar que este mandato concedido pelo povo brasileiro através de voto popular a seus representantes legítimos poderia ser tratado como mera formalidade burocrática, como carimbo de cartório conferindo autenticidade de assinatura?

Mercado onipresente

Para desempenhar sua missão constitucional, o Estado necessita prover o debate arejado e em escala nacional de forma a que a população possa ser ouvida e não apenas os proprietários dos meios de comunicação. É fato que muitos podem falar e poucos podem ser ouvidos. É nessa ótica encampada entusiasticamente por Veja que vem se demonizando no país qualquer iniciativa que busque moralizar minimamente a mídia brasileira.

Propor regulamentação ou discorrer sobre a necessidade de autorregulamentação do exercício jornalístico por parte das empresas de comunicação é sempre rotulado como censura. E assim, ironicamente, querendo defender o indefensável, todo o debate passa a ser sumariamente censurado. Serve-se a censura em altas doses, uma censura acobertada pelo extenso manto em que se aninha o bem a ser defendido: a liberdade de expressão. Com espadas em punho logo na abertura da matéria não seria demais esperar algumas pérolas de cinismo, como essas:

"Na semana passada, pela primeira vez, ouviram-se vozes organizadas contrárias a essa marcha da insensatez. Durante um encontro feito pelo Instituto Millenium, em São Paulo, jornalistas, empresários, intelectuais e políticos avaliaram os riscos reais que o radicalismo oferece à democracia no Brasil, opondo-se à pregação totalitária..."

Chega a ser risível. Como assim "pela primeira vez, ouviram-se vozes organizadas contrárias"? A amnésia parece ter tomado de assalto a redação de Veja. Será que ninguém se deu ao trabalho de pesquisar jornais e revistas que "cobriram" e "buscaram encobrir" a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom)? Poucos eventos nos últimos anos receberam tanto noticiário negativo como a Confecom. E quem assinava tais "matérias" ou forneciam as indispensáveis "aspas" (frases de efeito muitas vezes duvidoso) não seriam os mesmos personagens que pontificaram ao longo do evento patrocinado pelo Insituto Millenium?

Uma vez mais a inversão da história: os tais que "avaliaram os riscos reais que o radicalismo oferece à democracia no Brasil" foram os mais radicais e fizeram a mais dura pregação contra a liberdade de expressão do Brasil. E para isso contaram com os meios mais aptos a potencializar sua própria ideologia: a do Deus-Mercado acima de tudo e de todos, em baixo, em cima e no meio. É a velha história de que os radicais são os outros, os censores são os outros – ou, como dizia Jean-Paul Sartre, o inferno são os outros.

Termos de uso

A revista Época (edição nº 616, de 6/3/2010) também dedicou página inteira para falar do evento paulista. Menos truculenta que Veja, a semanal das Organizações Globo optou pelo medo em sua manchete: "O risco para nossa liberdade". Tentou contextualizar as tensas relações entre governos e mídia na América do Sul. Relatou a situação na Venezuela, na Argentina e no Equador para perguntar como quem não quer nada:

"Qual é o risco de que prosperem por aqui as tentativas de amordaçar a mídia, vestidas sob a roupagem do `controle social´?"

E optou por destacar opiniões do controvertido geógrafo Demétrio Magnoli:

"O PT só existe em virtude da democracia, mas mantém relações ambivalentes com ela... Celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista e soltou nota em apoio ao fechamento da RCTV."

É um raciocínio tortuoso e curioso. Será mesmo que é só o PT que existe em virtude da democracia no Brasil? Esquece o geógrafo que o mesmo governo que celebra a Venezuela e aplaude Cuba é o governo que criou uma diplomacia que se põe de pé, mostra autonomia decisória e esbanja soberania na cena internacional. É o mesmo governo que levou cerca de 20 milhões de brasileiros da classe pobre para a classe média e que, mesmo com o horroroso PIB de -0,2% auferido em 2009, ano da maior crise econômica mundial desde a Depressão de 1929, ainda assim se firmou como a sexta maior economia do G20, aquele seleto grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta.

De novo a visão de que o inferno são os outros. Por que será tão difícil compreender que concessão de radiodifusão é algo simples e que quem não cumpre com as condições acordadas pode vir a perdê-la? É como escreveu um leitor: "Imagina eu chegar em meu trabalho e dizer ao meu patrão que eu não vou cumprir o meu contrato de trabalho e, se ele não estiver satisfeito, que monte outra empresa e me deixe quieto no meu canto, fazendo o que eu quero..."

Palavras e expressões

Os dois textos – de Veja e de Época – parecem ter sido escritos pela mesma pessoa tal o azedume e a desfaçatez com que tratam de tema tão essencial quanto liberdade de expressão em um país de 192 milhões de habitantes – e tendo apenas meia dúzia de ilustres famílias como proprietárias de seus mais importantes conglomerados empresariais de comunicação.

Esquecem que o risco real para nossa liberdade – para fazer melhor uso da manchete de Época – são as seguidas tentativas de interditar um debate que, longe de se esgotar, está apenas se iniciando. Muito equivocado é o entendimento de que a concessão pública não obriga a publicação da pluralidade de opiniões. Ou seja, "se a concessão é minha... publico apenas o que quero, não tenho que dar satisfação a ninguém".

Encontros como o do Instituto Millenium parecem ter apenas um único objetivo: evitar que se jogue luz sobre os monopólios e oligopólios da comunicação no Brasil. Ao fazer isso, a mídia corporativa confisca a liberdade de expressão da sociedade em nome, exclusivamente, da manutenção do status quo. Tão simples quanto isso.

E do jeito que as coisas caminham, o diabo que já é conhecido por palavras e expressões como Coisa-Ruim, Tinhoso, Pé-de-Bode, Cabrunco, Capa-Verde, Capeta, Capiroto, Cramulhão, Crinado, De-trás-da-porta, Demo, Dos Quintos, Encardido, Sete-Peles e Tranca-rua não demorará muito a ser referido por certa classe de jornalistas, intelectuais e empresários como... Controle Social da Mídia.


Quarta-feira agora (24/03) começam as inscrições pra fazer a carteirinha do CACOFF de 2010!
Estaremos na nossa sala, perto do CAPSI, DAFAE, Atlética etc, nos intervalos de aula até o dia 31 (tirando sábado e domingo). É só chegar lá com R$3,00, uma foto 3x4 e seus dados (nome completo, data de nascimento, curso, RA e RG)
As vantagens de ter uma carteirinha do CACOFF:

- Vale como uma carteirinha de estudante normal, ou seja, garante meia-entrada;
- Desconto em eventos do CACOFF;
- É barata e substitui o papel da matrícula, que envelhece, pode molhar, fica dobrado, dá pra perder fácil etc!

Além do mais, vc ainda colabora para o caixa do CACOFF. O lucro das carteirinhas, assim como o lucro de todo evento realizado pelo centro acadêmico, é revertido para outros eventos, como o Quinta no Bosque, e para o suporte acadêmico (ônibus para congressos, seminários, oficinas, entre outros).
O Centro Acadêmico de Comunicação "Florestan Fernandes", o CACOFF,abre debate hoje sobre a demora pela contratação de professores pelo Departamento de Comunicação Social (DCSO), da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC). A professora Letícia Passos Affini, chefe do DCSO, estará disponível para informar aos alunos os últimos acontecimentos e responder suas dúvidas.

Quando: hoje, 17/03
Horário: 17h
Local: sala 9, UNESP

Aguardamos sua presença!
do Observatório de Imprensa, Venício de Lima

Trabalhando em algumas capitais estaduais ou na Praça dos Três Poderes, em Brasília, os chamados "formadores de opinião" da grande mídia – sobretudo jornais e emissoras de TV – acabam por se isolar do cotidiano da maioria da população brasileira. Acredito que faria muito bem a eles viajar, periodicamente, pelo interior do Brasil. Não importa a região, o estado ou até mesmo as cidades visitadas. A exceção talvez seja o interior de São Paulo, área onde são distribuídos dois dos três jornalões que se consideram nacionais.

Os "formadores de opinião" deveriam aproveitar a viagem e puxar prosa com gente comum em locais como postos de gasolina, restaurantes de beira de estrada (ou não), hospedarias, botequins, museus, igrejas... E, sobretudo, ouvir. Ouvir quais são as fontes de informação preferidas, com o que se preocupa, quais informações interessam e qual a visão que essa gente comum tem do país e de seus problemas.

Exemplos: perguntado sobre o porquê de as TVs permanecerem ligadas 24h no saguão e no restaurante de um hotel de nível médio, o garçom respondeu: "É norma do hotel, mas ninguém aguenta. É só notícia ruim. Mas também ninguém presta atenção. Fica aí falando sozinha...". Ou o morador que opina sobre o serviço de som da igreja matriz que "entra no ar" várias vezes ao dia: "É bom porque dá notícia tanto boa quanto ruim e a gente pode acreditar".

Se a hybris que aflige a maioria dos jornalistas permitisse, os "formadores de opinião" constatariam que seu celebrado poder – se algum dia de fato existiu – está sendo minado pela internet, acessível através de uma avalanche de novas tecnologias e por uma consciência ainda difusa de que não se pode acreditar, sem mais, no que diz a televisão, o jornal e o rádio, nesta ordem.

Os "formadores de opinião" seriam ainda surpreendidos com a renovada valorização da mídia local, seja o velho serviço de alto-falante da igreja matriz, os barulhentos carros de som que percorrem as ruas das cidades ou as rádios comunitárias, em boa parte vinculadas a alguma denominação religiosa.

E os jornais?

Pergunte a um morador qualquer do interior do país se ele conhece – não se lê – algum de nossos jornalões que se dizem "nacionais". A grande maioria não conhece e, portanto, não lê. Procure saber qual o reparte que chega a determinada localidade do maior jornal do estado – para assinantes ou para venda avulsa. Dez exemplares (ou menos) para cidades pequenas e até médias.

Essas respostas certamente darão sentido ainda mais concreto aos impressionantes números divulgados pelo IVC no início deste mês relativos ao ano de 2009: a circulação média da Folha de S.Paulo é de 295 mil exemplares/dia e caiu 5%; do jornal O Globo, de 257 mil e caiu 8,6%; e do Estado de S.Paulo, de 213 mil e caiu 13,5% (ver "Indústria de jornais – Circulação diminui em 2009" ).

"Tudo continuará como sempre esteve"

Essas "impressões de viagem" vêm sendo confirmadas há anos e sempre recolocam a eterna questão do poder e da importância da mídia tradicional na formação da opinião pública, incluída aqui a onipresente televisão (ver, neste Observatório, "A soberania onipresente da TV" e "Lições sabidas e nem sempre lembradas").

Não é novidade a supremacia das preocupações locais sobre as regionais e as nacionais, vale dizer, das questões próximas sobre aquelas mais distantes. É apropriado transcrever um parágrafo publicado aqui mesmo no OI, dois anos atrás:

"Nada é mais importante para o cidadão comum do que aquilo que ocorre ao seu lado, com o seu vizinho; e que pode, portanto, acontecer com ele próprio. A sociabilidade é construída a partir dos temas locais e regionais. Isto potencializa o papel da rádio comunitária, da FM e dos jornais locais e regionais (quando existem). A agenda midiática nacional de entretenimento ou jornalismo (televisiva, sobretudo) interage com a temática local, mas ocupa um indisfarçável segundo plano."

Ao contrário da grande mídia que insiste em acreditar que o cidadão comum está o tempo todo "seguindo" como twitteiro o que fazem em Brasília o presidente e seus ministros; os deputados federais e os senadores, e os juízes do STF, ele, na verdade, está "seguindo" o que fazem os políticos mais próximos de sua vizinhança e parece perceber a capital federal como uma cidade de ficção, habitada por políticos necessariamente corruptos e gente diferente do resto da população do país.

Se essas "impressões" estiverem corretas, é de se esperar alguma mudança no comportamento da grande mídia?

No caso dos jornalões, certamente não. Seu crescente "isolamento" da maioria da população transformou-se em estratégia de sobrevivência no mercado. Esta é uma das razões porque seus "formadores de opinião" procuram agradar a um grupo cada vez mais reduzido de pessoas. O rádio deverá ficar cada vez mais local e regional. E a televisão onipresente, mas com a audiência em queda, parece se agarrar à espetacularização de toda a sua programação. E com isso, despenca sua credibilidade.

Novos tempos. Nova mídia. Novos atores. Novos poderes. E muitos ainda acreditam que tudo continuará como sempre esteve.

* Venicio A. de Lime é pesquisador da Universidade de Brasília e autor, entre outros, de Diálogos da Perplexidade – reflexões críticas sobre a mídia, com Bernardo Kucinski (Editora Fundação Perseu Abramo, 2009)

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=576JDB002